O fluxo para a co-criação nos projetos e reformas de arquitetura em interiores.

Ao longo dos meus 10 anos de atuação no mercado de arquitetura em interiores aprendi que a maioria dos clientes não sabe exatamente o que está por trás de um projeto ou reforma bem-feitos, seja estrutural, de cunho decorativo, ou as duas coisas juntas.  Por isso, explicar todos os processos que podem envolver a idealização de um projeto ou a execução de uma obra é superimportante para favorecer um dos pontos que mais valorizo em cada desafio que começo: a co-criação, ou seja, a participação efetiva do cliente na tomada de decisões e jornada do trabalho, seja ele de curto, médio ou longo prazo.

Segundo o anuário de Arquitetura e Urbanismo 2019, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), o mercado de projetos em arquitetura de interiores cresceu no Brasil 6,80% entre 2017 e 2018; e o de execução de obras, também no universo da arquitetura de interiores, obteve um salto ainda maior, de 23,40%.  O design de interiores abrangeu o segundo maior volume de obras realizadas nesse intervalo anual. Isso significa que cada vez mais pessoas têm procurado profissionais especializados na hora de repensar um espaço ou executar uma obra, seja residencial ou corporativa. Ou seja, há mais gente disposta a dividir expectativas e sonhos e, portanto, co-criar com quem entende do assunto.

Isso é um privilégio aos profissionais da área! Mas, para a co-criação eficaz e enriquecedora, é importante compreender as fases que norteiam o trabalho de transformação de um ambiente, dentro de restrições de prazo, custo e espaço, comuns ao escopo de qualquer projeto. Em nosso escritório, cumprimos à risca as etapas abaixo, que compartilho aqui.  Organizar o fluxo dessa forma tem dado certo na tarefa de ouvir o cliente, envolve-lo, alinhar as expectativas e, assim, co-criar projetos cada vez mais autênticos.

– Briefing – esta é a hora de ouvir e compartilhar com o cliente nosso know-how. Na hora do briefing não entramos em detalhes orçamentários. Quando há um budget definido, por parte do cliente, não discutimos ainda a distribuição dos valores no escopo do projeto. O importante aqui é entender as intenções e partir para a prancheta!

– Contrato – com base nas informações do briefing, estimamos os valores requeridos para o projeto, e redigimos o contrato de forma detalhada, explicando fases, metodologias, as responsabilidades e atribuições de cada uma das partes. Há escopos que preveem apenas o desenho arquitetônico, outros envolvem a execução da obra em todos os seus aspectos, estruturais e de decoração; outros dizem respeito ao acompanhamento e gerenciamento da obra.  O contrato detalha a metodologia, mas não engessa o nosso trabalho, que precisa ser flexível o bastante para gerenciar riscos e oportunidades.

– Projeto e reunião de alinhamento – aí sim partimos para o projeto e, com ele, a co-criação. É quando tudo se torna mais tangível para o cliente. Aqui há margem para ajustar, negociar, e lapidar a metodologia de trabalho.

– Execução e acompanhamento – nesta fase, administramos fornecedores, gerenciamos prazo e custo, tudo dentro do desenho compartilhado e construído junto com o cliente.

Agindo assim, a co-criação torna-se um instrumento poderoso, que evita surpresas desagradáveis e torna todo e qualquer projeto único, independente de tendências e modismos.