A escuta empática do briefing: como aproveitar esse momento crucial para os projetos de arquitetura em interiores.

O briefing é o primeiro passo para o sucesso de um projeto de reforma e decoração, seja ele residencial, corporativo ou comercial. É o “sim” do cliente para o escritório e profissionais escolhidos para executar o projeto que, seja residencial ou corporativo, grande ou pequeno, quase sempre carrega muito valor afetivo. Ou seja, é a grande oportunidade para um mergulho na vida e interesses do cliente. Nessa hora, cabe ao profissional aproveitar o momento, propício ao diálogo, para compreender o que está sendo dito e ajudar a externar o que é difícil explicar. É dessa troca e da boa compreensão das expectativas que depende boa parte, senão 100% das etapas seguintes da obra até o seu desfecho.

Ao longo da minha experiência de quase uma década como designer de interiores e à frente de um escritório multidisciplinar aprendi que um dos pontos mais importantes para o briefing bem-sucedido é a escuta ativa, realmente interessada em entender as necessidades que estão por trás dos interesses do cliente. É a famosa empatia. Essa escuta, sem julgamento prévio, ajuda a identificar hábitos e costumes, aspectos culturais, o momento de vida do cliente entre outros importantes fatores que revelam as reais razões do projeto e, consequentemente, o que deve ser priorizado no processo criativo. O briefing, portanto, requer calma para coletar o maior número de informações possível, objetivas e principalmente subjetivas. Com o repertório de uma conversa dessas, sem pressa e de olho na história do cliente, o escritório consegue apresentar na mesa de negociação um projeto com soluções que o cliente reconhece, percebendo a si mesmo como protagonista da obra, como de fato deve ser. Assim, fica muito mais fácil ajustar o foco entre o que é esperado e o que pode ser feito em função das restrições de prazo, orçamento ou espaço que um bom profissional precisa saber administrar.

Por isso, participo de todas as reuniões de briefing e dos estudos preliminares de cada trabalho residencial, corporativo ou comercial, conduzindo todos os desenhos. A reforma de um banheiro pequeno ou de um grande escritório corporativo merecem a mesma escuta empática. No mundo acelerado em que vivemos hoje, isso é um grande desafio! Por isso divido aqui algumas dicas que extraí da minha vivência de muitos e muitos briefings:

– Na hora do briefing procure entender as reais necessidades que estão gerando um desejo. Há pessoas que querem uma reforma porque perseguem a sensação de recomeço. Nesses casos, uma nova decoração, por exemplo, sem grandes intervenções estruturais, pode ser o principal ponto do projeto.

– Procure sentir a intenção além das palavras. Para isso, preste atenção no ambiente, nos gestos, no tom de voz, no olhar. Parece bobagem, mas o gestual revela muito sobre a personalidade e momento do cliente e, portanto, ajuda na definição do estilo que o projeto pode ter.

– Durante a conversa, mais escute do que fale. E quando falar, evite termos técnicos. Alinhe a sua linguagem com a do seu cliente. Isso é fundamental para a comunicação fluir e evitar ruídos.

– Muitas vezes o cliente não sabe dizer o que quer, não é objetivo. Nesses casos, não tente convencê-lo a seguir um conceito, que pode ser mais do escritório do que dele. Aposte em perguntas que o ajude a perceber o que realmente deseja. E segure a sua ansiedade.